sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Direito e Mídia – A cultura de desqualificação da vítima

Por: Mauro Marques

Sempre que um fato jurídico surge na mídia, recorre-se a velha técnica de desqualificar a vítima. Parece enraizado, a notícia é publicada e logo surgem os comentários: “era tudo bandido”, “isso é uma vagabunda”, “tinha ligação com o tráfico” e por aí vai...

Na chacina da Candelária, a justificativa dada era de que os assassinados eram delinquentes, tudo bem, o Código Penal está aí para isso, aplicam-se as penas cabíveis, o que não podemos é por uma incapacidade do estado de prender, julgar e condenar os menores infratores, justificarmos um ato de barbárie como aquele.

A morte da atriz Daniela Perez chocou o país e nem o fato da mesma ser funcionária de um dos maiores veículos de comunicação do país, impediu que ela fosse tachada de leviana, como uma pessoa que tinha relacionamentos com várias pessoas. Pergunto: justifica tal ato?

Recentemente, a morte da juíza Patrícia Acioli, colocou o Rio de Janeiro na capa dos principais jornais, o corpo ainda era velado e já circulava a notícia de que ela tinha relacionamentos com um Policial Militar e que já havia se relacionado com um Agente Penitenciário. Não é maçante perguntar: justifica os 21 tiros? Cadê então o esclarecimento do crime? Não temos dois suspeitos? Por que não foi esclarecido?

Precisamos de uma revolução em nosso modo de pensar.  Desqualificar a vítima é o meio mais podre de justificar aquilo que é injustificável, seja na morte da juíza Patrícia Acioli, seja no caso do marido ou da esposa traída que sai professando injúrias em desfavor do ex-cônjuge.

Um comentário:

  1. É incrível, mas as pessoas não conseguem não julgar. Será que isso é livre expressão? E aí? Anônima: Marina Vianna

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