domingo, 8 de janeiro de 2012

Na derrota até a cerveja fica ruim, coisas do futebol

O futebol da mesma forma que a cerveja é uma dessas paixões que nunca faltam em uma roda de boteco. É práxis aquela velha resenha corneteira sempre acontecendo em qualquer balcão, e claro, não podia ser diferente lá na famosa curva do Rio Comprido. Quando tem jogo então... Uma das coisas bem sacadas desse mundo da tecnologia é a possibilidade de assistir um jogo de futebol via TV por assinatura em um bar. Nosso emérito e visionário, Vander Cabral, empresário e proprietário do “Sem Pescoço”, teve esse insight para disponibilizar ao seu cliente pinguço e apaixonado pelo ludopédio, a possibilidade de torcer ao vivo pelo seu time do coração. No meu caso, confesso que componho uma minoria. Torço pelo Fluminense, time que como todos sabem não goza de uma grande popularidade nos botecos deste país. E lá na curva do Rio Comprido não podia ser diferente.
Por conta desta minha predileção costumo sofrer bastante a partir da gozação de vascaínos, flamenguistas, e, em menor escala botafoguenses. Realmente, o tricolor é um desses torcedores que nasceram para sofrer, seja na vitória, na maioria das vezes, e nas derrotas quase sempre doloridas. Ao longo desses oito anos de frequência no famoso “SP Beers”, como chamo carinhosamente o bar do Vander, uma derrota me deixou um tanto exasperado e triste. Era justamente um jogo do Flu, o primeiro da finalíssima da Taça Libertadores de América 2008, contra o Liga Desportiva Equador, mais conhecido como LDU. Para o meu Flu aquele ano se mostrava maravilhoso, mas até hoje traz amargas lembranças para os apaixonados do time das Laranjeiras. Afinal, a equipe de Conca e Cia. tomou naquele dia uma daquelas porradas inesquecíveis. LDU 4 x 2 Flu, resultado que deixou o tão sonhado título internacional distante.
Ansioso para assistir a partida dei uma enrolada em meu chefe (rubro-negro) no trabalho, informando que não estava passando bem e que iria para minha casa. Compreensivo, ele me liberou e até como bom flamenguista me secou e desejou “boa sorte” para o jogo, imaginem... Feliz da vida me encaminhei para o bar do Vander em busca de uma cerveja bem gelada e de uma mesa para acalmar minha ansiedade. Jogo iniciado, logo aos dois minutos, se não me engano, o Fluminense toma um gol de autoria de um tal de Bieler. Gol tomado, logo depois aos 12 minutos solto meu grito após o tento de Dário Conca.
Em cinco minutos a LDU desempatou e percebi que ao lado da minha mesa a existência de uma moça flamenguista (feia),  acompanhada de seu namorado. Não pensem que desejei a mulher do próximo, ao contrário. Na verdade, a minha atenção se voltava para a aquela mesa após observar que a "desgraçada" vibrava efusivamente a cada gol tomado pelo Flu. Era um comemoração fora do normal, para se ter uma ideia, no terceiro gol marcado ao fim do primeiro tempo, a simpática flamenguista subiu na própria mesa e de punhos cerrados blasfemava: “Flu time de merda, que todos os tricolores do mundo vão tomar no c...” – Não preciso completar. E eu fitava inconsolável a cena...
Confesso que é  angustiante em uma situação dessas. O jogo nunca acaba e a cerveja desce amarga como uma dose da pior cachaça do mundo. Para piorar o quadro, o tricolor tomou o quarto gol, e mais uma comemoração da maluca. Ao fim da partida, triste e amargurado paguei minha conta com uma imensa vontade de proferir cobras e lagartos para aquela infeliz e invejosa flamenguista. Parecia saída de um Fla x Flu no Maracanã, em que você caminha para o ponto do ônibus mais derrotado que o próprio time. No dia seguinte, ao ir para o trabalho mudei até de calçada para não passar no bar. E ao chegar para o expediente meu chefe me perguntou se eu queria tomar uma gelada e falar sobre futebol, com aquele sorrisinho sarcástico. Ah, eu queria esquecer do jogo e estava com uma maldita ressaca e ainda p... da vida com o chefe. Coisas do futebol...

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